sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Felicidade
 
 Nada melhor do que viver intensamente
comer coisas estranhas
acampar em lugares desertos
ouvir um bom som, rir pra valer
correr de bicicleta, sentir o vento tocar a pele
ter pessoas queridas, sempre, ao seu lado
poder abraçar
saber que não estamos distantes

Nada melhor do que amadurecer
conseguir ter uma conversar madura com seu pai
e falar de sexo com sua mãe
brincar com o conservadorismo
dar bom dia e desejar boa noite
sentir-se melhor consigo
amanhecer sorrindo
mesmo diante das tragédias
amar, livre vôo para a liberdade

Ser feliz !!!
estaca que não fere o coração

Sandra Zuba

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

LUTA

Em tempos de competição
o amor sobresai a guerra
a mulher conquista seu espaço
torna-se guerreira, heroína
mãe menina

Somos muitas, multiplicamos a cada alvorecer
acrescentando o tempero mineiro
brasileiro, sem pudor ou discriminação
somos mulheres fortes, cheias de vigor
dispostas a enfrentar a dor e o prazer

Foram muitas batalhas ao longo dos tempos
Muitas fizeram história
nomes que representam a luta de um gênero
luta por direitos iguais
movimento de emancipação que ecoa entre becos e muros
dessa luta nasce a liberdade
a conquista expande-se

É máquina que não para
é mente que trabalha
é vida que se abala
num gozo pleno de viver
 
Somos gênero, equidade, oportunidade
mãe mulher, fonte de criação
choro que contém vida
sorriso que contém lágrimas
seres resplandescentes de vitalidade
construtoras do mundo atual
ativistas, mulheres socialistas
em busca de um mundo comunista
iluminadas, perenes de  vida mortal
que sobrevive a luz e as cinzas
diante de tanta barbaridade e incomplexidade humana
almejamos a paz

Foram muitas injusticas
longa caminhada  pelo silêncio
universo mitológico próprio
ferocidade indígena que acalenta homens e crianças
trabalhadoras, intelectuais, ecologistas
foi-se o tempo em que as mulheres sabiam apenas bordar
agradar, parir, mas ler nem pensar
hoje, somos literatura, somos poesia, emoção
amando, sorrindo ou chorando, ser mulher
ser andrôgeno, cabra da peste
caminhando pelas tortuosas estradas da vida
sem cair do salto
presente na música e na luz do dia
feitas da mesma matéria, escultura radiante
levantamos bandeiras do feminismo
luta, exigimos paz
orgulhosas pintamos nossa beleza
somos entrega, retrato maravilhoso e inesquecível
do que é o amor

Sandra Zuba

domingo, 23 de janeiro de 2011

Acorde

Acorde, que hoje é dia de sol
tem futebol na rua
pipoca na pracinha
e meninos que ficam a olhar as meninas de laço

Acorde, que hoje é dia de alegria
mamãe faz comida no fogão a gás
papai está no quintal, plantando vida
e o cachorro abana o rabo
a espera de um sorisso

Acorde, que hoje é dia de paz
as flores já desabrocharam
tem peixes para pescar
e não é necessário lavar o rosto
para retirar toda sujeira impregnada

Apenas acorde!
a vida está passando devagar
seguimos em direção incerta
e o norte está a oeste

e como ontem, chegará o amanhã
e você ainda não tem salva vidas

Sandra Zuba
Breve relato
Sempre o mesmo tema a torturar
contos, prosa, versos e crônicas
tudo sempre tão igual
pareço conhecer a essência
mas prefiro esperar
toda a cólera
atormento
seios, carne, corpo, vida


Sandra Zuba

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Esperança

Espera...
                      Eesperança

Poucas coisas ainda comovem
         novidades chegam em barcos à vela
                                 não geram lágrimas
                                não geram sorrisos
 
Paralisia
          cerebral,
                    social,
                             cultural,
                                          transexual
 
Suspiros diante da fatalidade
 
  sobrevive
   há esperança

Sandra Zuba

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Resquicios de filosofia


doce praia que fica do outro lado do oceano atlântico
"Em minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá"
As águas daqui não são como as de lá
não há rimas, apenas contexto
escondido entre contornos despidos pelo mar
meus traços se confundem com a indecisão
de uma escrita falida, pela falta de opinião

As ondas daqui ainda revelam uma pequena filosofia
barata e esdrúxula
os olhos angustiados não conseguem perceber
toda a alienação contida no ser
expelido por qualquer buraco

ciclos de vidas, filhos do mundo
procuram, poucos conseguem

Talvez queria ser feiticeira
e manipular muitas porções mágicas
beberia-as com deleite, abririam meus olhos
tornaria-me humana

Não posso condenar
não é permitido nenhum juízo final
todo e qualquer buquê oferecido
há flores muchas

Sandra Zuba

sábado, 8 de janeiro de 2011

O Mundo é o meu quintal


O momento é de pura calmaria
trago mais um cigarro
observo  todo o cenário em volta
sinto-me serena, autoconfiante
Deus me abraça, me ama!

O mundo não é tão complicado como se imagina
apesar do caos real que existe nas ruas
não posso culpar-me por sentir-me feliz
não posso culpar-me por não ter medo
fiz minhas escolhas, escolhi meus caminhos
absorvi conhecimentos, experiências
cada segundo vivido intensamente estou mais próxima de mim
descubro-me, encontro-me, busco minha essência
permaneço nas minhas vontades, fujo do mal
encontro-me despida diante do espelho
tenho medo dos amores que virão

As próximas páginas serão escritas
sinto novamente uma faísca da essência
quero mais, mais...
não contento com o hoje
o amanhã parece tão próximo
busco o infinito, contido em cada milionésimo de segundo
parada não permanecerei, compreenderei o tempo

Não sou deusa, nem feiticeira
menina mulher, mortal, sigo passos calculados
estarei onde meu  coração desejar
seguindo por retas bifurcadas
passos marcados, pés descalços
encontro-me em estradas sinuosas, cheias de dádivas
belezas apreciadas por um olhar ingênuo
pelo desejo eterno da aventura, doces descobertas

São essas voltas pelo mundo
estas dúvidas incertas sobre o futuro
esta labuta cercada de lutas
pela alegria e felicidade constante
que comovê-me, me toca, vibra

Linda mulher apaixonada pela vida
pela diversidade, pela cultura, pelas amizades
pelas alturas, pelo desconhecido
pelo ser humano em toda sua complexidade
pelo olhar simples do matuto mineiro
pelos planetas que toco gentilmente em meu céu
seja no interior ou litoral,
bebo muita água em nascentes
conheço cidades medievais
pessoas fenomenais, homossexuais
o mundo é o  meu quintal
em noites de lua cheia

Tantos trilhos, tantos rumos
que desejo ao mundo
apenas a felicidade por amar a vida

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Marionetes de fim de feira
Não condeno toda esta gente
toda esta história apresentada
todos estes personagens mal representados
script mal feito
cenários mal construídos
parece o caos
diante de toda a beleza da vida
o lado negro das trevas
escancarado no ser humano
na luta, guerra, fome, maldade, ambição
construções em ruínas
um sistema falso
marionetes de fim de feira
compramos leite estragado
engolimos sem reclamar

Sandra Zuba

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

COISAS DO AMOR
Meu amor é como a força criadora
transforma e é transformada
predomina e expande
une e separa

Te amo, por amar a mim
Te amo, em meus desejos mais profundos

Loucas noites perdidas, totalmente excitada
conversas, declarações, olhos que brilham
força de espiríto, incerteza do coração
dúvida persistente, será que isto é paixão?

O tempo, força presente da natureza
incerteza que se cruza com a dúvida
distância não me atormenta
nem hoje, nem ontem
caladinha, sinto-me pulsar, caem lágrimas
choro por ti

Meu infinito é finito.

Sandra Zuba

domingo, 2 de janeiro de 2011

Cinzas

Não sei se é o começo
luas novas dias quentes
vibro com o vento
escondo-me do medo
e tudo virou cinzas
e as cinzas são o começo
dos limites da sua vida
te espero então querida

tudo é meu começo
e estrelas paradiso
encontro o seu rosto
beijo o seu corpo
recomeço do começo
caio em seu berço
me encontro em seu terço
volto ao recomeço

e tudo virou cinzas
e aa cinza são o começo
dos limites da sua vida
te espero então querida

Sandra Zuba

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O dia em que chorei

 
Triste partida, dor, saudade
lágrimas enxugadas em papel toalha
e a mente dilacerada

Em busca de refúgio
procuro-te na mais bela canção
notas que entoam o desejo
estar presente
carne, corpo, carícia
embrigar-me no seu beijo
meu deleite !

Estás em minha bebida quente
nas noites frias
pertubada com sonhos e desejos

Lembranças de nossos corpos
vibram, tocam-se
tem, me tem
mãos que se entrelaçam
acariciam-se
perseguem-se
sinuosamente
busco sua língua
sua saliva
engole-me
aperte-me
sinta-me
tenha-me
em seu  momento de prazer
ao amanhecer ou anoitecer

Resquícios da noite anterior
onde o desejo e a dor
queriam ser flor

Sandra Zuba

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Paralisia


Poucas coisas ainda comovem
novidades chegam em barcos à vela
não geram lágrimas
não geram sorrisos

Paralisia
cerebral, social, cultural, transexual
suspiros diante da fatalidade
sobreviverá?

Sandra Zuba
Teria

Teria o  Espirito Santo em forma de ave
acompanhado de um cavalo negro
me visitado?

Teria eu acumulado dádivas
e sentada a observar o tempo
deparar com um ser divino?

Teria eu alimentado de peixe e pão
em dia santo, cheio de orações
contemplado o tempo em uma praça moderna
após permanecer diante de uma matriz?

Teria eu sido escolhida
para transmitir em linhas
a plenitude da existência?

Teria eu vindo ao mundo
nascida entre guerras e lamurias
para presenciar a verdadeira felicidade
que consiste em amar e perdoar?

Teria eu um breve sono
cheio de mistérios
para breve vaticinar?

Teria eu experimentado a vida
de forma tão dolorosa
mesmo apreciando suas feridas
choraria o mais alto choro?

Teria eu descoberto
que sendo filha do universo
apenas posso amar?

Teria eu andando pelo mundo
conhecendo tudo a e todos
apenas experimentando
para no fim clamar o desejo de voltar

Teria??

Sandra Zuba

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

É preciso ler poesia
Para fazer poesia é preciso ler Poesia
deliciar-se com as palavras
excita-se com as citações
copular com os versos
interpretando-a sem lógica
compreendendo algo incompreensível
buscando um fim
uma conclusão sobre algo que é infinito


Para fazer Poesia não é preciso ler Poesia
o Eu poético é mais que Poesia
é vida, é entrega, é tortura, dor, alegria
palavras, sons, rimas, versos, prosas
vida minha, vida sua, nossa vida


As mais lindas frases buscam o Poeta
dizia um velho que habitava a grande montanha


Confusão que se tornou conturbação
tudo é real, tudo é irreal
belos versos os de Drummond
contemple a plenitude poética


A poesia que consiste na loucura de um ser
meu ser poético é Poetisa
vira e mexe se torna mulher sensível, forte, lutadora


Nas minhas andanças pelos becos
os lugares tornaram-se Poesia
as cenas tornaram-se factos
os factos tornaram-se contos
Tudo é Poesia


Não quero mais problemas com a gramática
descobri a Poesia
supre-me, detém-me
leve mente a voar
doce prazer
envaideço diante das palavras
ápice da liberdade

Sandra Zuba
Busca da verdade

Mais uma breve história sobre o destino
traçado por mapas cheios de percussos
apenas ir, seguir em frente
chegar onde o nada foi estabelecido

As análises, o pré-estabelecimento
escrito e discursado
parece não fazer efeito
diante da realidade
que não sabemos existir

Retorno ao meu centro
reencontro-me,não sei quem sou novamente
o corpo já não é o mesmo
na dúvida, viverei o presente
esqueço-me do passado
vejo novas linhas a cruzar no horizonte
quem tiver a pretensão
que diga em alta voz
que conhece toda a verdade

Gargalharei, baterei palmas
pela tentativa e coragem

Escondida em meus vagos pensamentos
faço uma pausa
aqui estou, sou
sei mais uma vez que nada sei

sandra zuba

domingo, 26 de dezembro de 2010

Noite de Chuva
Uma noite de chuva
na terra do calor e da dor
de gente sofrida, que come pão dormido
mas acorda feliz, por amor a vida

Dias de chuva no meu sertão
alimenta a fartura e abriga os famintos
deixa o ser frente a frente com a vida
recordações que buscam a ilusão

barulho de chuva, terra molhada
alegria para seu José e Dona Maria
muita fartura na roça de seu Josias
sorriso sem dente, brava gente

cai água no meu sertão
cai lentamente, porque seu povo é paciente
não demora o amanhecer
vai brotar milho na fazenda
os moleques vão nadar no rio
e encher a pança
com comida feita em fogão de lenha

chuva fininha na madrugada
um cigarrim e um cafezim
lembranças da infância
fazenda, Vovó e Vovô
frango caipira na panela
abraço aconchegante
camisa tecida pela velha
hoje nasce uma criança

Sandra Zuba

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Tudo e Nada

Observando o universo
planetas que em breve  serão visíveis
complexidade no entendimento  da criação
quantas latitudes e longitudes
por onde passei !

Considero-me uma fracção de segundo
Não sou nada
                       e sou tudo
                                  dentro do meu mundo.

Sandra Zuba
Doces momentos de desejo

 
Mãos que se entrelaçam
acariciam
sinuosamente
tocam-se, perseguem-se

busco tua língua
sua saliva
engole-me
toque-me
aperte-me
sinta-me

tenha-me no momento
      de teu prazer
ao amanhecer
ou anoitecer
enquanto houver você

Sandra Zuba

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Compreendo
Compreendo,
  muito mais do que imaginas
compreendo,
  porque estive perto do seu coração
e ainda tenho-o em mim
compreendo,
  não nego

Meu amor é compreensivo e paciente
resulta em doces lágrimas
que não são necessárias
mas que florescem no jardim da minha alma
e um dia se tornarão lembranças

E quando as lembranças se tornarem realidade
quem sabe ainda poderemos nos admirar
e perceber que tudo se explica na simplicidade
e que a essência da vida é ser flor
não espinho

E se os espinhos fizerem questão de machucarem
as feridas serão cicatrizadas
em tempos curtos ou distantes

para quem tem a eternidade
preocupa-me apenas  o tempo
que estarei longe de ti

Sandra Zuba
Morte pela Paz

Havia um tempo em que a paz não reinava
os homens se matavam
torturavam uns aos outros
matavam seus filhos e seus inimigos
as mulheres se prostituíam
as crianças esquecidas, morriam
              sem identidade

Os aproveitadores deliciavam a situação
             breve banquete

não havia cidadania
não havia democracia
apenas uma ditadura imposta pela sociedade
inconsciente, analfabeta
analfabetismo idiota
... uma depredação letal a natureza
meu meio, minha sobrevivência
nossa sobrevivência

depois de anos de minha viagem verde
tudo tornou-se vermelho
houve esperança
houve revolta
grandes transformações, erupções
conturbação

futuro movido pelo sangue
as ilusões faliram
todos venderam-se
o grande dragão soltou suas chamas de fogo
domínio da grande serpente
império estabelecido

resta-me lembrar do tempo que éramos inocentes
havia conto de fadas
e as fogos faziam parte apenas das festas juninas

Sandra Zuba